sexta-feira, agosto 13, 2004

Media para isto

Eles andem aí. Nas cidades, nas vilas, nas localidades ... Toda a gente já os viu, é impossível não reparar (até porque a discrição não é o seu forte). Os tuners, essa pacífica comunidade, que cumpre escrupulosamente o Código da Estrada, está em estado de graça. Como se já não bastasse o facto de a Polícia fazer “ouvidos moucos” ao ronco ensurdecedor (muito agradável durante a madrugada!) e completamente cega à luz ofuscante e encadeante (muito útil para quem quer ajudar a enriquecer as seguradoras) das suas viaturas, eis que, como não podia deixar de ser num mundo tão mediatizado como o nosso, estes pacatos indivíduos têm o seu próprio programa televisivo. Até aqui, tudo bem.
O problema está na linguagem usada no referido programa. Talvez a razão pela qual eu não percebo patavina do que o locutor debita, seja o facto de eu ser um leigo na matéria, ainda assim parece-me que até o público-alvo tem alguma dificuldade em compreender o que significa “contrastando cromáticamente” ou “inseminada na parte posterior”. Será que fizeram um programa para eruditos do Tuning? Seja como for, tá mal! Tá mal, porque o pessoal não gosta de palavras complicadas. Para quê louvar o “look de vanguarda” de um bólide, quando bastava dizer “bué de cool” e o pessoal curtia mais e todos ficavam a perceber? O tuner é um indivíduo ocupado com decisões de enorme importância, como escolher entre as cortinas com o leão, ou com as palmeiras; ou se fica mais melhor o cd, ou o terço pendurado no retrovisor, e não tem tempo a perder com complicações fúteis. Tá mal!
No final, salva-se o tradicional apelo feito a todo o espectador tuner, para que com “a sua condução contribua para o bom nome do Tuning em Portugal”. Tá bem. As contribuições para o bom gosto, é que é melhor deixar para outros ...

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